Roberto Fonseca Vieira representa o Rio de Janeiro no movimento internacional em prol das relações públicas latino-americanas

20/11/2009 12:27

O professor Roberto Fonseca Vieira escreveu um texto exclusivo para ser divulgado no dia 22 de novembro de 2009. Vamos então saboreá-lo na íntegra:

O RESGATE DA COMPREENSÃO MÚTUA NA VALORIAZAÇÃO DAS RELAÇÕES PÚBLICAS: NOSSO DESAFIO

O diálogo sempre teve caráter fundamental na vida dos homens. Por meio dele é que se pode estabelecer os mais diversos momentos históricos da sociedade, o entendimento e a obtenção do consenso. A atitude dialogal, portanto, foi e continua a ser à base da legitimidade da ordem social, na busca da compreensão mútua.

A ‘compreensão mútua’ citada por um grande número de autores, enquanto função primordial das Relações Públicas e considerada como utopia (se adotada na sua concepção verdadeira), é justamente o ponto de equilíbrio a que deveria procurar ascender toda organização, que tem por objetivo estabelecer um entendimento autêntico com outros grupos.

O conflito sendo iminente na sociedade, talvez faça parte do contexto social, não havendo como expurgá-lo de nosso meio, já que tudo é dialético. Mas, visto que a compreensão mútua não significa, necessariamente, a negação desse processo dialético, devendo mesmo basear-se no respeito às diferenças e na necessidade de transformações contínuas para um maior desenvolvimento das partes, não procede separar ‘compreensão mútua’ – de ‘conflito’. Um pode perfeitamente, se entendido como antagonismo, se resolver por intermédio do outro – a compreensão mútua. Porque, esta última pressupõe o estabelecimento de uma atitude dialogal, onde sabemos conflitua-se, muitas vezes, interesses diversos. A ordem social pode não atender a todos esses interesses, mas partirá de um princípio de justiça, que se aceito pelas partes, culminará senão na integração, pelo menos na consciência do respeito às diferenças para a perpetuação do modelo democrático.

É bom lembrar que! O desgaste da expressão ‘compreensão mútua’, usada excessivamente para a legitimação das atividades organizacionais/empresariais, e para maior aceitação destas, pela opinião pública, gerou um descrédito na possibilidade das diferenças se entenderem e criarem uma nova instância que represente um consenso. Como disse Hegel “cegos são aqueles que conseguem acreditar que podem persistir instituições, que deixem de concordar com os costumes, as necessidades e a opinião das pessoas”.

Depreende-se das palavras de Hegel que o processo é eminentemente dialético; mas que suas contradições podem se dissolver de maneira negativa, resultando em aniquilamento de uma das formas, caso não haja a procura do entendimento, ou seja, de uma verdadeira ‘compreensão mútua’. Eis que outro pensador, Heráclito nos coloca diante de uma possibilidade desse entendimento, quando diz: “que o universo é gerado não segundo o tempo, mas segundo a reflexão”. Assim sendo, o processo reflexivo pode nos conduzir a convivência harmoniosa, que busque a resolução dos conflitos.

As Relações Públicas em suas ações pautadas na ‘compreensão mútua’ se tornaram, se tornam e se tornarão, ainda mais, fundamentais para o estabelecimento do diálogo, possibilitando a administração do conflito e da controvérsia e gerando, a partir do consenso, uma nova realidade organizacional/empresarial, mais rica e mais coerente com as transformações do mundo.

Nossa valorização depende de nós com a afirmação de atitude dialogal como processo da legitimidade da ordem social, na busca da compreensão mútua, em face às relações múltiplas e recíprocas entre a organização com a sociedade.

Professor Roberto Fonseca Vieira

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