Mensagem do Dr. Marcondes Neto - Especial para o dia 22 de novembro

04/11/2008 15:35

... junto-me no "esforço deliberado, planificado e contínuo" pela valorização das Relações Públicas encaminhando uma contribuição pessoal: "RP neles! Manifesto para o 22 de novembro de 2008".

Grande abraço,


M. MARCONDES M. NETO
Professor  / UERJ
D Sc / Ciências da Comunicação  / USP
M Sc / Comunicação - Sistemas de Informação  / UFRJ
ESP. / Análise de Sistemas  / St. Charles CPE - EUA

B. A. / Relações Públicas  / UERJ

 

RP neles! Manifesto para o 22 de novembro de 2008 

“Nunca antes neste país”, parafraseando um brasileiro ilustre, esteve tão forte a demanda por Relações Públicas – e saibam que freqüento esta “janela” já há trinta anos, dado ter ingressado no curso de Relações Públicas do então Instituto de Psicologia e Comunicação Social da UERJ em 1978. De lá para cá, por outro lado, a curva de vagas universitárias oferecidas, no caso específico do Rio de Janeiro, mais desceu do que subiu; o que, no entanto, também tem um lado bom – privilegia a qualidade e não a quantidade de bacharéis, como acontece nas outras habilitações da Comunicação Social.

No último Congresso Brasileiro de Relações Públicas, realizado em Aracaju, Sergipe, evento que contou com a presença de dois dos pilares acadêmicos da nossa área, Margarida Kunsch e Roberto Porto Simões, tive a oportunidade de ouvi-los sobre o quê, em termos de tendências, apresenta-se para o campo.

Margarida Kunsch vem de um lançamento editorial que ainda não se desdobrou inteiramente – o livro “Relações Públicas Comunitárias”, que organizou ao lado do Prof. Waldemar Kunsch, e no qual participei com um capítulo sobre a nossa área e sua interface com a da Produção Cultural, meu campo de pesquisa. Há muito ainda a ser descoberto a partir desse enfoque eminentemente social da atividade.

Porto Simões apresentou as múltiplas funções que o relações-públicas pode assumir nas organizações do século XXI, todas muito perto da nossa formação embora muito distantes da nossa denominação original.

Ambos os mestres apresentaram aspectos que vêm ao encontro de algumas idéias que passo a compartilhar.

Primeiro: escolher o bacharelado (e mesmo a especialização ou pós stricto sensu em Relações Públicas, é antes uma opção por formação que por profissão. O que isto significa? Que a nossa atividade requer uma maturidade e nos lança a enfrentar desafios que acontecem, igualmente, na maturidade das organizações. E organizações maduras, no Brasil, ainda são minoria. Nessas, no entanto, o olhar do relações-públicas faz toda a diferença, esteja ele ou ela trabalhando em relações institucionais, em promoções, em atendimento ao cliente ou no departamento de marketing. O “rótulo” é o que menos importa. Relevante é a tal da empregabilidade.

Segundo: continuamos a ser uma formação muito adequada à produção cultural, mesmo após a criação – ainda em poucas instituições – dessa habilitação específica. A visão holística do relações-públicas, aliada a um “pensar institucional” (o que sempre friso), além de suas habilidades e competências no trato com a imprensa e a mídia comercial, a organização de eventos e a gestão administrativa tornam-no, ainda, perfil privilegiado para tratar do que chamo de “entorno” do artista ou do grupo artístico, assessorando-o, produzindo o seu trabalho, cuidando de sua carreira.

Terceiro: o futuro aponta para o crescimento da demanda por relações-públicas no âmbito do terceiro setor, nas organizações da sociedade civil, todas carentes de voz e face. Muito mais que no primeiro (o Estado e suas organizações, que ainda empregam, mas muito mais pela razão do atual governo ter como matriz um “Estado-forte” do que por absoluta convicção dos agentes públicos, infelizmente. E, finalmente, mais que o segundo setor, o das empresas privadas, posto que, sobretudo com a crise por que passa o capitalismo, fusões e aquisições tendem a enxugar o mercado de trabalho, ao invés de expandi-lo.

Quarto: há que prestar-se atenção no mercado representado pelas pessoas físicas, necessitadas, cada vez mais, de visibilidade, voz e gestão de reputação ao longo de suas carreiras. Atletas, criadores, acadêmicos, personalidades de toda atividade que requeira manutenção de imagem pública, bem como gestão dessa mesma imagem pública nos momentos de crise.

Por último, um recado: “pensem no relações-públicas como um ‘diplomata doméstico’. Alguém apegado à utopia (lembrando Porto Simões em seu último livro), à concórdia, à busca da harmonia, do relacionamento, nos âmbitos nacional, regional, local ou mesmo intra-organizacional (nada de endomarketing, por favor!). Alguém a serviço do entendimento e da aproximação entre entes antes separados – a busca do real sentido da palavra comunicação, o de comunhão”.

(Texto baseado em palestra proferida no Terceiro Encontro de Relações Públicas e Comunicação Empresarial do UNIFLU/FAFIC, Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, 29/10/2008).

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